Estação Onze de Emily St. John Mandel



"O inferno é a ausência das pessoas que nos faltam"

Estação Onze é sem sombra de dúvida um dos melhores romances de ficção científica que li e quiça irei ler. 


Estação Onze é um romance distópico para pensar. Pensar na condição do Homem, na transcendência e na vida.
A gripe da Georgia varreu cerca de 99% da população mas a que restou continua a lutar para sobreviver. O livro começa no exacto momento que um actor fracassado morre em palco a representar King Lear, nessa mesma noite o vírus da gripe explode nos EUA varrendo a maior parte da população em apenas 48 horas.  E posso dizer que é assim que o livro acaba de certa maneira! 


De início custa um pouco a entrar no ritmo do livro uma vez que temos uma data de personagens que são introduzidas com histórias in medias res, mas essa é a beleza de Estação Onze
O que poderá ter a ver uma personagem de BD, um actor canadiano morto há duas décadas, uma Sinfonia Itenerante e um louco profeta que lê excertos do Apocalipse aos seus seguidores ?
Todas as histórias se entrelaçam e segredos são revelados.
A autora fez um brilhante e estupendo trabalho com o planeamento e construção do romance, o livro que decididamente não foi feito em cima do joelho. Se tivesse uma forma gráfica esta obra seria uma teia de personagens emaranhadas umas nas outras sempre com um elo que as unisse. 


É uma leitura impossível de se tornar aborrecida pois há uma constante de flashbacks - aliás os meus momentos favoritos do livro - que garantem acção contínua. Aqueles pequenos momentos do dia-a-dia que não valorizamos e que se tornam tão importantes quando de repente acabam. O ligar de um interruptor ou abrir a porta do frigorífico. Procurar uma informação na internet ou abrir uma torneira que jorra água. Para boa parte do nosso mundo isso é possível. E o que aconteceria se de repente fossemos privados disso? Quantos de nós percebem de agricultura ou de caça? Cuidados médicos ?

Uma coisa que gostei no livro foi que pela primeira vez alguém respondeu à minha grande e extremamente profunda questão : Mas que raio acontece a alguém que usa óculos num apocalipse? 


A resposta não é das mais animadoras mas eh, muito obrigada Emily ! Haja alguém que se preocupe com estas coisas! 
Bem, continuando. As personagens têm um excelente desenvolvimento ! Gostei especialmente do desenvolvimento de Arthur - o actor canadiano - também de Clark - seu amigo - e do Profeta.
Bem, nem sei o que vos hei-de contar sobre o Profeta, uma vez que corro o risco de estragar tudo. 


Hum, tirou-me do sério por várias vezes e em várias partes do livro, ele e os seguidores dele que ainda eram "melhores".  Gostei definitivamente da sua evolução e de como se tornou assim. Uma daquelas personagens que podemos fazer teorias para acertar quem é. 

É uma leitura que aconselho vivamente! Se o têm na vossa estante e ainda não o leram, corram! Leiam-no devagar e pensem nele. Vai definitivamente ficar na minha memória e na de todos aqueles que o lerem. 

Se já o leste diz-nos o que achaste e se acertaste em quem era o Profeta ! ( os comentários poderão ter spoilers!)

Boas leituras !

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